Mercado Central de BH comemora 80 anos.

28/09/2009 15:42

 

 

 

Festival de gastronomia, exposição em homenagem aos comerciantes mais antigos. As comemorações dos 80 anos de vida do Mercado Central, em BH, chegaram ao fim. Mas a boa música, as grandes companhias e, principalmente as irresistíveis figuras, continuam lá, à espera de um bom papo regado a cerveja e fígado com jiló.


“Estou ficando conhecido à força”, brinca o comerciante Jair Batista de Oliveira, 74 anos, 61 deles passados no mercado. Homenageado na mostra, ele teve seu rosto estampado nos corredores do mercado. “O mercado para mim é uma vida boa. Se Deus me concedesse a graça de morrer no mercado, eu morreria feliz”, diz. O comerciante Percy Rosa de Miranda, 79 anos, ficou satisfeito com a homenagem.“Não podiam esquecer de mim, o homem mais vivido dessa paróquia”, conta, aos risos.


Para o superintendente do mercado, Luiz Carlos Braga, as comemorações foram um sucesso. “Os nossos fregueses e comerciantes ficaram satisfeitos e o festival de gastronomia fez tanto sucesso que, com certeza, vai acontecer novamente ano que vem”, diz.


A exposição 8 e 80 marcou a valorização dos grandes personagens que passaram parte de suas vidas no mercado. “Buscamos a construção de um espaço íntimo e a premissa estética talvez tenha sido misturar senso de pertencimento e personificação”, comenta o fotógrafo Ícaro Moreno . “O oito invertido é o símbolo do infinito. Optamos por homenagear todos os que frequentam o mercado por meio dessas oito pessoas”, emenda o fotógrafo André Tanure. “Todo cliente aqui é amigo. O trabalho é cansativo, mas a gente tem que fazer o que gosta. E eu adoro estar aqui”, conta Antônio Procópio Filho, 73 anos, que trabalha no mercado há 55 anos.


Com ou sem festivais, o melhor do mercado é seu público eclético. O comerciante Aguiar Gomes, 84 anos, o “Rei do Berrante” é uma das personalidades do local. Com pouco mais de 52 anos de mercado, ele ainda sente falta do local quando precisa se ausentar. “Venho aqui há 54 anos e quando não venho sinto falta”. A assessora Michele Araújo, 24 anos, frequenta o mercado desde a infância e adora divulgar a diversidade do lugar. Ontem, ela levou o namorado brasiliense, Otton Luiz Ganzer, 21 anos, para conhecer o local. “Acho aqui fantástico, sempre que posso venho. Adoro a diversidade”, comenta a assessora. O namorado aprovou. “É um lugar diferente, muito interessante”, diz Otton.


O engenheiro Bruno Frast, 69 anos, é cliente cativo do mercado há cerca de 35 anos. Todos os sábados ele vai tomar uma cervejinha com amigos, entre eles, José Gualberto, 77 anos, em uma mesa reservada de 10 às 13 horas em um dos restaurantes mais concorridos do mercado, o Casa Cheia. “É um lugar para rever amigos e fazer novos”, conta. “Aqui a gente faz o resgate da tradição e da nostalgia”, completa o administrador José Gualberto. Para a psicóloga Angélica Falci, 38 anos, que ontem frequentava o local com os filhos, o mercado é único.